No Controller Cast #54, recebemos Ewerton Silva, especialista em Controladoria e co-fundador da W2 Pharma, para uma conversa sobre os bastidores da controladoria no varejo farmacêutico, um setor que cresce ano após ano, mas que também traz desafios únicos para a controladoria.
Se você trabalha em Finanças, Controladoria ou tem curiosidade sobre como esse mercado opera nos bastidores, este artigo é para você!
Você pode assistir o episódio completo aqui, ou ouvir no Spotify:
Abaixo vamos explorar os principais insights que Ewerton compartilhou durante o episódio, e mostrar como a controladoria pode ser protagonista no crescimento e rentabilidade desse segmento.
O crescimento consistente do varejo farmacêutico
O varejo farmacêutico brasileiro é um dos poucos setores que, mesmo em cenários econômicos desafiadores, segue crescendo a taxas de dois dígitos. Em 2024, o faturamento do setor ultrapassou R$ 220 bilhões, impulsionado por:
- Expansão das redes e maior capilaridade.
- Envelhecimento da população.
- Mudanças no mix de produtos (há farmácias onde os “não medicamentos” já superam 50% das vendas).
- Digitalização das vendas.
- Ampliação dos serviços farmacêuticos.
Mas por trás desse crescimento robusto, existe uma engrenagem financeira complexa que exige controle rígido das margens, do estoque e dos custos operacionais.
As particularidades financeiras do setor
Ewerton destacou que controlar o financeiro no varejo farmacêutico é um verdadeiro “mundo à parte”.
Entre as principais particularidades estão:
- Preços Regulados: Muitos medicamentos têm preço máximo de venda fixado por órgãos reguladores. Isso limita a estratégia de precificação.
- Margens Apertadas: Em muitos produtos, a margem é baixa. Ganhar no volume é fundamental, mas isso exige uma gestão extremamente eficiente.
- Gestão de Mix: Farmácias precisam equilibrar entre itens de alta rotação, produtos de margem maior (como perfumaria e suplementos) e serviços de saúde.
- Validade dos produtos: Medicamentos têm prazo de validade e a logística precisa ser ainda mais precisa para evitar perdas.
- Alta concorrência: Em algumas cidades, é comum encontrar farmácias em praticamente cada esquina (as vezes mais de uma).
Tudo isso exige que a área financeira seja extremamente analítica, com uma gestão baseada em dados e muito rigorosa no controle de custos.
Como a controladoria se torna protagonista
Segundo Ewerton, a controladoria é o “pilar estratégico” do varejo farmacêutico. Algumas boas práticas que ele compartilhou incluem:
- Dominar o arroz com feijão: DRE, Fluxo de Caixa e Balanço Patrimonial corretos e atualizados.
- Análise de indicadores-chaves: CMV por categoria de produto, margens brutas por grupo, participação dos não medicamentos, margem de contribuição.
- Orçamento é crítico e revisões são constantes: Não basta apenas replicar o histórico, mas questionar e validar cada despesa.
- Educação financeira para os gestores de loja: Treinar os gerentes para entender conceitos como CMV, margem bruta e fluxo de caixa.
- Foco em dados de qualidade: A controladoria precisa construir um sistema de dados confiável para orientar as decisões.
Esses pontos são ainda mais importantes quando lembramos que muitos donos de farmácias são farmacêuticos de formação e não têm expertise em gestão financeira.
Planejamento e Orçamento: o diferencial
Um ponto de destaque da conversa foi a importância do planejamento orçamentário no varejo farmacêutico.
Ewerton compartilhou a experiência de implantar um orçamento completo na Drogamed (sua rede de farmácias em Recife), abordando:
- Iniciação pelo básico: Análise histórica e projeções simples para construir cultura.
- Crítica dos gastos: Identificando despesas recorrentes “invisíveis”, como manutenções de ar-condicionado que somavam mais de R$ 50 mil/ano sem controle.
- Informação para a tomada de decisão: Não adianta fazer o orçamento e esquecê-lo. É preciso acompanhar, revisar e ajustar à medida que o mercado muda.
A implementação do orçamento também ajudou a empoderar os gestores, mostrando como pequenas mudanças no dia a dia impactam diretamente a rentabilidade das lojas.
A importância do BI Financeiro
Outro tema muito relevante abordado no episódio foi o uso de Business Intelligence (BI) para Finanças.
No varejo farmacêutico, onde a margem é apertada e o volume é alto, a capacidade de transformar dados em ações rápidas faz toda a diferença.
Ewerton compartilhou que:
- Começaram usando Excel, mas logo migraram para ferramentas mais estruturadas.
- Criaram painéis diários de vendas, CMV, margem e ticket médio.
- Utilizam dashboards também para acompanhar metas de vendedores e gerentes.
Um ponto de atenção que ele reforçou: sem qualidade dos dados, não adianta ter BI.
Lições para quem está entrando no setor
Para quem está começando agora no varejo farmacêutico, ou pensando em estruturar melhor a controladoria, Ewerton deixou duas grandes dicas:
- Fazer o básico muito bem feito: DRE, Fluxo de Caixa, Balanço. Sem isso, não adianta querer avançar para BI, painéis ou projeções sofisticadas.
- Desenvolver competências de comunicação: A controladoria precisa explicar o “porquê” dos números, convencer a liderança e educar os times.
Por que você deveria ouvir o episódio completo
O episódio está repleto de dicas práticas e exemplos reais sobre:
- Como adaptar a controladoria à realidade do varejo farmacêutico.
- Como aumentar a rentabilidade sem entrar em guerra de preços.
- Como usar o orçamento e o BI para apoiar decisões estratégicas.
- Como elevar a maturidade financeira das farmácias.
Se você atua em Finanças, Controladoria ou é gestor no setor de varejo, este episódio é imperdível.
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